TELHADO VELHO
A chuva caia lá fora, forte com suas gotas fazendo um estrondoso barulho.
Pensei se esse telhado velho aguentaria o forte solavanco das correntes de água que caiam do céu.
Como estive todo esse tempo por aqui e pude ver melhor os sons dessa benção da natureza, pude acreditar nas reviravoltas que a vida dá.
Não obstante, por algum tempo amei alguém. Acreditei que a vida estava certa, os sonhos definidos, os anceios concretizados, os caminhos traçados, enfim os pés calçados!
Os problemas apareceram. Como toda existência, não há com pensar na vida sem seus desafios.
A chuva parece sempre mais forte nos dias em que os problemas surgem. Entendo que além de molhado, o frio que segue a chuva de Inverno faz o corpo sentir a ausência da pessoa amada.
O tempo passou e como sempre, percebemos que o futuro é para o lado positivo. Quando acreditei que amava alguém, as circunstâncias se provaram fiéis à verdade e à felicidade.
Fizeram o precário telhado arcar.
Sob minha cabeça veio tudo ao chão.
Agora a forte chuva entrava por todos os lados, molhavam móveis, as roupas, os demais itens de um amor que se acreditava forte, assim como o frágil telhado.
Daquele lado positivo que falei, vi a chuva perder sua força... Até minguar.
Olhei tudo molhado, ensopado, e eu com aquele telhado de quem ficou sozinho sem ser amado.
Mas enquanto estive dentro da velha choupana, acreditando que o melhor acontecia, deixei passar o Sol e minha vida.
Esse, astro Rei por excelência, fez eu sentir meus pés, ver o brilho das gotas escorrendo meus braços, o seu calor em minha pele. Levantei, olhei ao infinito azul do céu. Pensei ..."...percebo que estou vivo!" Sonhos novos, coração alegre, o medo do desconhecido, o sentido para o infinito.
Puz-me em pé, espalhei os escombros de um telhado moral velho e consumido. Estiquei-me fronte à toda aquela luz que, agora, estava dentro da choupana.
Pude sair, caminhar, perceber que a minha existência estava atrelada sempre à um sentido que não fazia nenhum sentido.
Então agora, me entrego.
Quero muito uma nova mulher, não para me apoiar ou depender, mas sim para eu me apaixonar e crescer. Um ser humano que esteja ao meu lado durante as tempestades, que não me abandone quando a forte chuva cair. Alguém para ser minha compainha, para ser minha rainha, para governarmos juntos essa aventura incrível que é a vida.
Estou novamente amando.
Amando inicialmente à mim, uma amor sadio e construtivo. Todo o Sol fez o meu corpo se transformar e o lado positivo das circunstâncias agora me parecem muito mais claros e à meu alcance. Estou amando novamente.
Uma mulher que repentinamente apareceu. Uma obra de um completo descaso racional.
As afinidades, os sonhos, os desejos, os anceios, os medos, a admiriação. Esses são elementos de um novo amor, de um novo e sincero sentimento.
Então agora, que venham as fortes chuvas.
Que venham os frágeis telhados.
Os comodos antigos, as roupas velhas.
Não tenho mais medo. Amo novamente.
Vivo novamente.
Lhe amo Zara.