Outro dia estava passeando pela calçada de uma gigante meltrópole interiorana.
Estavam os prédios, todos eles discutindo entre si, sua importância: os baixos, velhos e cansados amaldiçoavam os novos, altos e viris. Alguns governantes discutiam o uso do asfalto ou do paralelepipido. Até pronunciar é dificil, acreditavam uns, mas nossa história está nesse bloco de pedra, defendiam outros. Foi quando no meio desse falatório todo, percebi que vinha lentamente um veículo, tipicamente interiorano que só se encontra em uma metrópole como essa. O carrinho vinha se arrastando, soltando uma imensa quantidade de fumaça, aparentemente seu usuário não lhe prestava nenhum tipo de cuidado. Não demorou, o motorista alcançou seu objetivo, estacionou o nobre carro e desceu. De motorista à pedestre, entrou em um comércio alojado na base de um novo prédio. Pude, de "rabo deolho", notar um avançado modelo se aproximar. Esse se incomodava com os blocos de pedra e questionou ao velho modelo "Como aguentou tanto isso?". Sorrateiro, com marcas de barro até o teto, cheio de avarias de muitas maneiras diferentes, respondeu:"Fui feito de lata e paixão!". O novato se admirou e pensou em todas as suas partes plásticas, e em todos idênticos que figuravam naquela linha de montagem impessoal... Situações típicas das metrópoles interioranas. Logo notei que o usuário do velho carrinho, saiu do comércio situado no novo prédio com algo pequeno e barulhento em suas mãos... Não consegui esclarecer se era um telefone celular ou algum tipo de outro eletrocomunicador digital desses recentes. Por aqui, as novidades chegam, quase, de forma instântanea. Aquele senhor, apertava vários botões que não existiam, apareciam somente na pequena e confusa tela. Notou que eu o observava e se dirigiu à minha pessoa: "Bas tarde! O sinhô tem uma ficha de telefone pra mode eu ligar pra minha fia?" Nas mãos do matuto estava um smarthphone. Indaguei o que fazia com aquilo nas mãos e me esclareceu que havia sido um presente de seu neto. Era uma maneira de fazer o seu avô se "plugar" no mundo. Conclui: ficha de telefone... E os tempos mudam sempre em uma metrópole interiorana?